As histórias narradas
a seguir são marcadas por vários acontecimentos em minha vida e ainda se segue,
para que o leitor possa compreender melhor fiz tudo detalhadamente.
O que aprendi com tudo
isso? É que nada nos acontecem por um acaso, tudo na vida já está premeditado.
Buscarei com forças e fé para encontrar as respostas. Jamais desistirei!
Sei que estou passando
por uma provação e no fim tudo sairá bem.
Existem pessoas que
quando o Sol bate seu brilho esplandece porem, quando o Sol se esconde esse mesmo brilho se apaga ficando na mais absoluta escuridão. Mas existem pessoas que
mesmo sem a luz do Sol, continuam brilhando, pois, seu brilho vem de dentro e
ninguém consegue apagar. Quero dizer que você deve começar a aceitar os seus
defeitos e descobrirá algumas das suas muitas qualidades, comece aceitando seus erros e buscando acerta-los. Acenda sua luz interior.
Sabe,
na minha adolescência tinha tanta espinhas no rosto que parecia mais um ralo. Eu
ficava espremendo-as, minha cara ficava toda pitadinha e quando olhava no
espelho começava a achar que nenhuma moça iria querer namorar comigo sem contar
que sempre tive um narigão e umas bochechas enormes. Muitas vezes procurava
algo bom em mim e não encontrava não tinha nada de especial em uma criança que
usava roupas velhas doadas para poder ir à escola. Usava uma blusa que a manga
batia em meu antebraço, parecia com um vestido. Um dos meus maiores sonhos era
possuir um caderno de capa dura com adesivos e tudo. Meu primeiro cadernos de
capa dura foi um que tinha pertencido à tia Chica um ano antes. Era um caderno
de vinte matérias que arranquei todas as folhas que ela já havia usada deixando
as que ainda poderia ser aproveitadas, ficando o caderno no fim tão fino como
um de duas matérias. Fiquei todo contente e orgulhoso “agora tenho meu caderno
de capa dura!” pensei.
Comecei
a aceitar as coisas do jeito que era e, por muitas vezes pensava o quanto Deus
estava sendo injusto comigo. Quando perguntava a minha mãe por que Deus
permitia que essas coisas nos acontecessem? Falando que alguns colegas zoavam
comigo na escola por conta das roupas velhas e dos cadernos usados que eu
aproveitava. Ela dizia não era para me preocupar que para tudo Deus tem um propósito
e que eu tinha um bom coração e o mais importava era ter um bom coração, não
mexer nas coisas dos outros, não me envolver com drogas e acreditar que um dia tudo
isso ira mudar. Minha autoestima voltava, mas, bastavam alguns dos meus colegas
na escola dizerem-me novamente qualquer bobagem que me via novamente com a cara
ao chão.
CONFUSÃO NA FAMÍLIA
Quando criança meu padrasto uma vez
chegou bêbado em casa, começou a discutir com a minha mãe por uma coisa tão boba
que mal consigo lembrar o motivo daquela briga. Mas uma coisa ficou para sempre
marcado na minha memória e no rosto da minha mãe, sei que para uma criança da
minha idade naquela época foi algo horrível, ele deu um soco tão forte no meio
do rosto dela, ela caiu para trás e se espatifou no chão, ele aproveitando da
situação caiu por cima e socava-a sem parar, distribuía socos e pontapés. Fiquei
no canto da porta chorando e gritando para não fazer aquilo com ela. De nada
adiantava, continuava a esmurrar a minha mãe, meu irmão João era o xodó dele
então quando João pediu para parar, ele então, todo eufórico olhando para nós
chorando e minha mãe sagrando caída no chão, cessou dando tempo necessário para
ela sair correndo e eu correndo atrás dela feito um louco, logo atrás minha meu
irmão também. Sentamos a beira do morro. Minha mãe chorava abraçada com nos
dois e a gente ficava olhando para nossa mãe perdendo tanto sangue e seu olho
roxo quase fechado. Uma onda terror invadia meu interior.
Eu chorava de tanto ódio ao ver o
sangue se escorrendo pelo rosto da minha mãe, as feridas em seus braços e o
roxo ao redor dos seus olhos. Queria ser grande o bastante para poder matar
aquele homem, falo sério! Eu queria mesmo pode matá-lo. Queria fazer com ele
algo provavelmente pior. Tinha noite que eu mal dormia pensando em uma maneira
de como matá-lo.
Isso se repetia toda vez que ele
bebia, por qualquer bobagem batia em mim penso que ele sentia prazer ao fazer
isso. Teve uma vez que dormi na aula de português e ele ficou sabendo. Bateu em
mim tanto que as marcas ficaram por todo meu corpo cerca de uns três a quatro
dias. Eu não podia sair para brincar de bolinhas de gudes nem jogar futebol com
os meus colegas que era chegar em casa e levava uma bela sura com bainha de
facão, murros e pontapés. Ele escondia as comidas para eu e meu irmão não
pegar, nossa vida não era nada fácil.
Minha mãe sempre foi uma mulher
guerreira e batalhadora, passou a maior parte da sua vida dedicada à família,
não tinha preguiça para fazer nada. Gostava muito e ir para o mato pescar,
arrancar lenha para vender. Trabalhava em casa de família e lavava roupas de
ganho fazia de tudo para não nos deixar passar mais fome e mesmo assim ainda passávamos.
Teve um dia em que sentir tristeza
tão grande, quando minha mãe estava sentada na cama chorando. Sentei ao lado
dela coloquei meu braço em seu ombro e perguntei o que estava acontecendo, ela
cabisbaixa com a mão no rosto respondeu-me: “Batixo (Valter Pereira do Santo-
nosso Padrasto) esta bebendo. E não temos nada para comer!”
Sentir um bolo seco descendo em minha
garganta feito uma navalha, cortando tudo por dentro, neste dia nem lagrimas caíram
dos meus olhos. Sair andando sem destino ate chegar à beira de um morro, logo
ali na minha frente esta uma solução. Dava uns treze a quinze metros se me
jogasse dali com certeza morreria, então deixaria de ser um problema para minha
família, sei que minha mãe suportava tudo isso por conta de nós, seus filhos
pequenos, assim também ira parar de apanhar tanto, não estava aguentando mais.
Era tudo revoltante, uma dor tão grande, um carma em minha “vidinha” não queria
mais viver!
Não aguentava mais ver a minha mãe
sendo humilhada, jogada no chão e sendo esmurrada por aquele bêbado nojento.
Decididamente não queria mais viver e ainda tinha aquela voz dentro de minha
cabeça que dizia ser a coisa certa a fazer, se jogar dali. Não tinha noção da
existência de Deus em minha vida, mas tenho certeza hoje que a outra voz em mim
que dizia para não pular era Ele. Dizia que minha mãe precisava muito de mim e
se eu morresse quem iria defendê-la do meu padrasto. Dizia quantas coisas eu
poderia fazer sendo o mais velho, se eu morresse ali quem iria matá-lo?
Sentei na beira daquele morro e
chorei olhando o cemitério da Piedade logo ali em baixo, quantas pessoas
haveria enterradas naquele local? As maiorias delas certamente não queriam esta
ali, fariam qualquer coisa para estarem em meu lugar agora. Foi quando pensei: “se
eu morrer ele ira continuar batendo em minha mãe e no meu irmãozinho do mesmo
jeito”, e “depois que ira vingar tudo?” Ficando vivo assim que crescesse
poderia descontar tintim por tintim – Felizmente esse dia jamais chegou, vão
ver mais afrente que hoje sou até grato por tudo que passei e na pessoa que
acabei me tornando. Daquele dia em diante sempre que acontecia qualquer coisa
da qual ficasse triste corria até aquele morro para pensar um pouco antes de
tomar qualquer atitude.
Teve um dia que ele bateu em nossa
mãe e ainda nos pós para fora de casa, ficamos chorando por mais tempo que o
“normal”, além do mais estávamos com fome e frio, lembro-me que dona Ana nossa
vizinha, um senhora evangélica nos pegou e levou para dormir em sua casa, na
casa dela tinha apenas dois cômodos: uma sala onde ficava a cama dela e uma
divisão que era a cozinha. Naquele dia ela nos deu café com pão o que era para
nós uma refeição rara, pois, o nosso café quando tínhamos era com farinha dentro.
Jogou uma esteira ali próxima à cama dela, cobriu com alguns panos e no mandou
dormirem ali naquela noite até tudo se acalmar. No outro dia minha mãe com
nosso padrasto se resolviam e a gente voltava para casa, não entendia naquela
época por que ela se sujeitava a tudo isso. Agora sei que era por nossa causa,
minha e de João.
NA ESCOLA
O melhor lugar do mundo para mim era
quando estava na escola esquecia-se de todos os problemas que ao voltar poderia
enfrentar em casa. Uma alegria imensamente invadia meu ser, enchia meu rosto
bochechudo de um vermelho maravilhoso inexplicável, elevava meu eco, esquecia-me
que pela manha não havia tomado café por que em casa não tinha ou havia tomado
com farrinha, naquele momento nada importava. Brincava com meus colegas. Era
uma criança como as outras.
Aprendi com o passar
do tempo que existem pessoas tentando apagar o nosso brilho. Mas que eu deveria ser como o sol, e mesmo
quando algumas as nuvens aparecessem em minha frente tentando apagar o meu
brilho. Eu deveria continuar brilhando!
As segundas feiras era um dos meus
dias mais favoritos, acorda as cinco da manha, pegava a pesada carroça de
madeira de Martinho Garrote empresta e saia para carregar as barracas dos
camelôs e ajuda-los a montar, as aulas começavam as oitos horas e às dez nos
liberavam após a merenda ser servida. Corria para casa e pegava meu carrinho
emprestado e ia carregar feira para alguns fregueses que havia conquistado. Uma
vez um amigo meu, Agilson estava em cima de um caminhão pegando a bagagem para
encher os nossos carrinhos, e quando ele foi descer, pisou errado e caiu
batendo a cabeça no chão, o que sangrou bastante.
Com este dinheiro que ganhava na feira
comprava alguns alimentos para casa e sempre no final de feira muitos
ambulantes nos deixavam escolher algumas verduras para levar para casa, o que
eu também dividia com Martinho, ele tinha muitos filhos, acho que uns onze e a
esposa dele dona Nelza (In memória), já peguei muita lenha com ela e também já
pescamos muito de rede.
A primeira camisa nova que conseguir comprei
com meu próprio dinheiro, até hoje lembro, uma blusa banca com a imagem de Baby
da família dinossauro estampada no peito, fui para casa todo contente, vale
lembrar que todos meus matérias de escolar foram comprados também com o dinheiro
ganhando trabalhando na feira.
A humildade é a chave
para o sucesso de qualquer pessoa, seja sempre humilde, trabalhador e acima de
tudo honesto, nunca queria nada que não seja seu, se aproveitar do trabalho do
outro não é legal, seja digno e quando chegar ao topo, mantenha sempre firme em
suas raízes. Teu passado pode ter sido do de um jeito que você não queria, mas
teu futuro pode e certamente será melhor. Só depende de suas escolhas.